Fiz um perfil do meu amigo Liviomar Macatrão, secretário municipal de turismo, que publiquei domingo, no espaço que tenho no Jornal Pequeno.
Publicado 14 de março de 2012
Atualizado 07 de maio de 2019
Por Luiz Almeida
Um eterno apaixonado pelo Turismo
Gostaria de ter mais tempo para poder escrever sobre pessoas que fazem a diferença aqui no Maranhão. Para mim, são experiências saudáveis, pois passo a conhecer homens e mulheres que não vivem nos holofotes da vaidade e fazem da sua função, seja ela na área privada quanto na pública, uma oportunidade de fazer algo de diferente da mesmice que acontece no nosso país, pois este papo que coisa ruim só acontece aqui é menosprezar nossa cidade, tem besteira acontecendo nos quatros cantos do país.
Faz algum tempo que não publico o Foto Digital e que muitas pessoas me cobram, mas sempre que posso estou aqui com o quadro.
Desta vez, o perfil é do jovem secretário de turismo de São Luís Liviomar Macatrão Pires Costa, 41 anos, para quem não sabe o primeiro nome é a formação das silabas do nome do pai Lívio Martins e da sua mãe Maria dos Milagres as suas grandes inspirações, exemplos que segue até hoje e seu porto seguro nos momentos de tormentas.
Conheci Liviomar bem antes de ser secretário. Nos conhecemos no mundo empresarial e também em um momento difícil das nossas vidas, que só depois de conversar com ele no dia desta entrevista, fiquei sabendo da luta que ele travava há cerca de 10 anos. E por este nosso encontro, nasceu a vontade de um dia fazer uma matéria com ele.
Nossa conversa foi no seu gabinete, chamar de gabinete, não que ele não mereça um, é exagero, escrevo isso, pois o espaço de trabalho de Liviomar é bem simples, reflexo dele mesmo, que é uma pessoa extremante simples e muito prática.
Não tive nenhuma dificuldade de chegar até ele, nada de muitas secretárias, assessores e outras coisas mais, que fazem de muitas autoridades esquecerem que elas estão ali para servir, e por isso o acesso tem que ser fácil.
Liviomar é assim bem simples mesmo, talvez isso venha da sua própria criação que foi sólida de forte nos valores. Uma infância humilde que fez com que passasse 3 dias com fome, logo depois que seu pai foi demitido do emprego e, com isso, a vida da família ficou bem complicada. Um assunto que ele toca de maneira tranquila, sem nenhum tipo de vergonha e também não faz disso algo de anormal ao ponto de tirar proveito agora de um sofrimento do passado, pois há pessoas que adora ficar contando dramas do passado para tentar dar valor ao seu presente e mostrar o quanto teve uma vida dura.
Começou a trabalhar cedo, e aos 9 anos já ajudava seus pais num minibox que sua família tinha. Em seguida, gerenciou um lava a jato também dos familiares. O início foi complicado, teve que passar de menino a homem muito cedo, pois a vida não era fácil, mas isso nunca deixou Liviomar se sentir menor, apesar do jeito calado, dentro já pulsava um homem.
Aos 15 anos de idade, a vida começou a melhorar e ele passou a ter nos livros um grande amigo. Neste período, sua paixão pelas coisas aconteciam além das fronteiras da sua visão. Nos livros conheceu o mundo que um dia, sem saber, iria conhecer ao vivo e em cores.
Com a base familiar bem resolvida e de grande dignidade, só conseguia ver no trabalho e nos estudos a única forma de realmente realizar seu sonhos. Para conseguir um dinheiro a mais, começou a vender camisetas e sapatilhas na Faculdade e já com uma visão empreendedora e sendo atraído, sem perceber para o turismo, começou a expandir suas vendas às agências de turismo onde fez grandes amigos.
Quando escrevo que ele sempre estava ligado ao turismo, falo no sentido amplo da palavra, o turismo não só de viajar como muitas pessoas acabam resumindo, mas o de promover eventos, dos restaurantes, passando pela qualidade de quem vai receber e tudo isso, de forma discreta começava a circular na vida de Liviomar.
Depois de sentir o valor do seu próprio dinheiro na mão, ele partiu para o segmento gastronômico, para usar o linguajar chique, comprou um carrinho de cachorro-quente e estrategicamente estacionava sua lanchonete sobre rodas onde tinha sempre um grande evento na cidade.
A vida do homem não era fácil, estudava Turismo à tarde na UFMA, Economia à noite em outra Faculdade, e nas madrugadas vendia cachorro-quente nas festas que aconteciam na cidade. Talvez você que está lendo já comeu do cachorro-quente do secretário de turismo de São Luís e nem sabe.
A grande sacada de Liviomar foi que ele pegou tudo que ganhava e, ao invés de gastar com besteiras (também teve sorte de naquela época não existir celular, iPad, iPhone e tanta coisa que faz hoje qualquer jovem enlouquecer), investiu em congressos e eventos na área do Turismo.
Uma das suas grandes emoções quando adolescente (também foi na minha vida) foi sua primeira viagem, ficou encantado aos 15 anos com serviço de bordo da Varig. Para quem não sabe o que é serviço de bordo de verdade, é melhor procurar no Google e ver se existe ainda uma foto, pois o que se tem hoje é brincadeira nos voos nacionais.
Liviomar, no curso de Turismo, o que lhe dá muito orgulho, participou da implantação do laboratório de turismo “Laboutur”, a primeira empresa júnior de turismo no Brasil, junto com a professora Maria do Socorro Araújo, pessoa do qual guarda uma eterna gratidão e quem dedica como sua grande inspiração, por tê-lo iniciado de verdade na área de turismo.
A implantação do laboratório, que existe até hoje e faz parte da sua responsabilidade como secretário apoiar, foi o divisor de águas do estudante interessado no turismo ao profissional que opera o turismo de verdade. Começou a entender o turismo como uma fábrica que pode e deve produzir negócios.
Nascia a Portal Turismo, uma empresa que deu muito trabalho para ele, tanto para montar, como de muitos negócios, mas acima de tudo, pela experiência e contatos que fez. Com a Portal viveu na prática o que é realmente operar o turismo, e soube acima de tudo crescer com os erros que cometeu.
Seu primeiro grande negócio foi se tornar o receptivo da Tam, o que para uma empresa que estava começando foi uma grande responsabilidade e que ele não teve medo de assumir. Uma das características de Liviomar é não ter medo de ousar, mas hoje faz isso de forma estratégica.
Quando conversava com ele, o telefone não parava de tocar, pois nossa entrevista foi justamente após o Carnaval, onde a Secretaria que ele dirige fica responsável principalmente pela recepção dos turistas, deixando a parte da produção com a Fundação de Cultura. Liviomar também estava se preparando para ir à Feira de Turismo de Lisboa para fazer contatos e adquirir maior conhecimento.
Ele também recebeu um telefonema que mostra o quanto ele é bem relacionado com as pessoas do mercado do Turismo, do outro lado a pessoa falava que iria receber no Brasil o chef do primeiro ministro da França e queria saber se era interessante para São Luís receber o chef, o que de pronto ele disse que seria muito bom, principalmente pela ligação com a França e pelos 400 anos de São Luís.
Liviomar é casado há 10 anos com Gardênia Feitosa , tem duas filhas, Sofia de 4 anos e Catarina de 3 anos. Fala fluentemente francês e espanhol e se comunica bem em inglês. É um apaixonado por cinema, tanto que é sócio do CineSystem no Rio Anil, fez do prazer um negócio.
Sabe o que ele gosta de fazer nas horas que tem uma folga? Viajar e ir ao cinema. O que mais gosta como administrador é quando uma meta traçada é atingida antes do prazo determinado e quando uma equipe trabalha consciente nesta meta.
Quem olha para ele pode até achar que seja uma pessoa bem tranquila, mas para ele as coisas são sempre para ontem, quem não consegue acompanhar o pensamento dele fica para traz e perde o avião da oportunidade, literalmente.
Sua grande dificuldade, apesar de ter que fazer sempre em virtude do cargo, é falar um não para alguém. Sua cabeça não para de pensar em como fazer para melhorar o turismo em São Luís, mesmo sabendo que sozinho não vai conseguir, e fatores políticos muitas vezes engessam o que poderia ser mais fácil. Sabe e sem fazer nenhuma média, que São Luís está sendo planejada para o futuro e, se deixarem, a cidade tem tudo para progredir.
Fora da cidade que ele trabalha tem como exemplo de turismo três excelentes cidades: Gramado no Brasil, Paris e Madrid. Gostou muito de conhecer dois hotéis Fairmont em São Francisco e Boscolo Exedra em Milão de conceitos diferentes, mas completos e perfeitos no ponto de vista técnico.
Eduardo Sanovicz, que foi presidente da Embratur e consultor do plano de marketing turismo de São Luís, é um homem do mercado que respeita e tem como exemplo.
Adora ler, mas neste momento está mais preso aos livros técnicos da área do Turismo, mas adora biografias e também adorou o livro “Nos bastidores da notícia” do jornalista Geneton Moraes Neto, sobre as entrevistas que fez com os ex-presidentes do Brasil.
Para quem deseja entrar no Turismo, a sua sugestão seria ter persistência, determinação, pois não é uma área que consiga ter recursos financeiros rápidos e precisa muito esforço e conhecimento. Você trabalha quando todos se divertem, por isso tem que amar muito que faz.
Liviomar é um apaixonado no que faz, trabalha onde gosta e ainda recebe por isso, mas isso na verdade é um prêmio para quem sempre soube o que quis na vida e lutou para isso. Ninguém chega a um posto de secretário à toa, e no caso dele foi por competência e conhecimento. Não tenho procuração para defendê-lo, minha vontade de entrevistá-lo partiu do carinho que aprendi a ter por ele, mas sei que muitas coisas ainda não são do jeito que ele quer em virtude de diversos fatores que ultrapassam o seu controle.
Para aquele menino de 9 anos, nascido em São Luís, que chegou a passar fome, que vendia cachorro-quente, estudou turismo na UFMA e hoje é secretário de turismo da cidade que nasceu e ainda vai poder coordenar, junto com outras autoridades e diversos setores o aniversário de 400 anos da capital maranhense, este deve ser o maior prêmio que ele recebeu da vida.