Campanha política, muitas vezes, uma novela mexicana.
Ao assistir na TV e ouvir na rádio alguns programas políticos, principalmente, no Nordeste do Brasil, pois, a internet nos permite isso hoje, fico abismado com certas estratégias de marketing para tentar seduzir o eleitor. Elas lembram muito aquelas novelas mexicanas, com muito choro, drama e a mocinha sofrendo muito.
Uma dessas estratégias é de passar a imagem, que só quem veio do nada, tem a capacidade de ser um bom gestor e entender a dor de um necessitado. Vir da pobreza e conquistar a riqueza passou fazer parte do currículo e não um acontecimento comum, a outros tantos, que na vida de qualquer pessoa.
A dor e o sofrimento passaram a ser cartão de visita. Muitos candidatos usam o seu passado de origem pobre, de muita luta e conquista, como um diferencial para merecer, por exemplo, um cargo a prefeito de uma cidade. Num primeiro programa de rádio ou televisão, é bonito e claro de muito orgulho, o candidato falar que depois de muito esforço, conseguiu estudar, ter um curso superior, sucesso profissional e financeiro.
Em minha opinião, o que seria um diferencial, é que apesar das conquistas, ele ainda vive de forma simples, utiliza hospitais públicos, enfrentando filas quando necessita de um atendimento, coloca seus filhos em colégio público. Construir uma boa casa, mas continuar morando no bairro que tanto orgulho ele tem.
Não quero dizer que quem veio do nada, não pode morar nestes bairros chiques, claro que pode muitos até fazem o caminho contrário, enriquecem, perdem tudo e voltam. Falo dos postulantes a um cargo público que, usam seu passado para comover o eleitor, como se muitos não soubessem o que é vir do nada.
Para mim, vir da classe alta ou baixa, lutar ou não lutar para conseguir vencer na vida, não são pré-requisitos para conseguir um espaço no cenário político. Agora, falar o quanto fez no passado, para mudar a vida de muitos da cidade onde quer comandar, teria sentindo. Antes mesmo de ter um cargo público, depois fica mais fácil.
A história, não muito distante, já mostrou que existiram muitos políticos que vieram da classe muito baixa, passaram fome e depois acabaram com o Brasil e outros, que vieram da classe alta, estudaram em escolas caríssimas, andavam com motoristas e, também, quebraram o país.
Todo passado de uma pessoa deve ser respeitado, independente se nasceu em berço pobre ou em berço esplêndido, mas usar a dor como ferramenta de marketing para conquistar voto e comover o eleitor é um pouco demais.
Não escrevo isso como um texto político para simplesmente criticar alguns candidatos e beneficiar outros. Escrevo, de forma profissional e respeitosa, como um alerta, aos assessores que atuam próximos a estes candidatos. Novela mexicana não cola mais.
Peço a liberdade ao saudoso Joãozinho Trinta, um gênio, para mudar sua frase antológica e deixar para reflexão de todos.
Quem gosta de drama é autor de novela, o povo gosta é de final feliz.