As mães de pessoas com deficiência buscam acima de tudo respeito e inclusão social

12 de maio 2021

Para um grupo de mães o melhor presente do Dia das Mães não é roupa, sapato nem perfume. Aliás, nenhum item material as tornariam mais felizes e realizadas que algo pelo qual elas lutam desde que seus filhos nasceram: respeito, apoio e inclusão social.

Estamos falando das mães de pessoas com deficiência – sejam físicas, intelectuais ou múltiplas. São mulheres de diferentes idades, perfis sociais, profissões distintas mas que têm em comum a luta pelo melhor desenvolvimento de seus filhos. E mais que isso, elas lutam pelo direito de não serem excluídos de uma sociedade que ainda não está aberta para receber a pessoa com deficiência da forma como merece.

Arionildes Silva e Silva é uma dessas mães que poderiam ser denominadas de “extraordinárias” no melhor e mais forte sentido da palavra. Ela chegou até a entidade em 1995, por recomendação médica quando buscava o melhor tratamento para a filha Alenilce da Conceição Silva com síndrome de down, e na época com 14 anos. Aos poucos foi se envolvendo nas atividades da entidade e há 26 anos ininterruptos é uma presença forte na instituição.

A jovem Alenilce da Conceição Silva com a mãe Arionildes Silva e Silva

“Busquei a APAE de São Luís por indicação do médico neuropediatra da minha filha, que estava adolescente na época e uma fase bem difícil e regredindo muito, e com vários problemas hormonais também. Então ele me garantiu que o melhor e mais completo tratamento para ela seria na APAE de São Luís, o que de fato foi realidade”, conta ela.

Para essa mãe foi um verdadeiro alívio ver a filha sendo acolhida por uma equipe multidisciplinar e se desenvolvendo com os estímulos recebidos na escola Eney Santana, mantida pela entidade.

“Na APAE de São Luís encontramos a nossa casa, onde todo tipo de estimulação foi ofertada e com muita qualidade. Até hoje aos 40 anos minha filha faz tratamento de fonoterapia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico; além de atividades em sala de aula como informática, dança. Ela também já fez natação, mas parou essa prática. Desde 1995 estamos aqui e só tenho que agradecer a Deus pela melhora da minha filha com o tratamento recebido na instituição”, revela a mãe de Alenilce.

A servidora do DETRAN Lycia Marão Queiroz tem duas filhas, uma de 23 anos que é estudante de Letras na UFMA e outra de 14 anos, a caçula Ellina, que tem autismo com problemas de fala entre outras dificuldades de interação. Ela diz que as duas são sua razão maior de viver, mas foi com a menor que aprendeu o verdadeiro sentido de comemorar tudo diariamente. Para ela as pequenas vitórias do cotidiano da filha, como conseguir arrumar a própria cama ou se servir sozinha de um copo de água, são grandes presentes que tornam sua vida mais feliz.


Lycia Marão Queiroz e a filha autista Ellina, aluna da Escola Eney Santana com a irmã Jullia e o pai Cláudio Carvalho Queiroz.

“Foi muito difícil todo esse processo de descoberta do caso até um diagnóstico que até hoje não é tão definitivo. Os especialistas nunca podem afirmar com precisão como será a evolução da minha filha, por isso cada conquista tem um sabor enorme de vitória. Já chorei muito, já me senti culpada e me desesperei em alguns momentos,  mas ajudou muito ter conversado com colegas e psicólogos, ter lido muito a respeito e ir me desenvolvendo também para poder apoiar melhor a Ellina”, revela Lycia.

A menina não falava nada até dois anos de idade e quando disse “mamãe” pela primeira vez causou uma comoção geral na família. Hoje a menina já consegue se expressar e emitir suas próprias opiniões a respeito de tudo. E a mãe vibra até quando ela diz que não quer comer pois não gostou da comida. Para as mães de pessoas com deficiência tudo é maximizado: a luta pelo desenvolvimento dos filhos, a dedicação para que possam evoluir e a celebração por cada pequeno gesto realizado.

Ellina já havia passado por duas escolas anteriormente, sem sucesso. Mas desde que começou a frequentar a escola Eney Santana e fazer tratamentos de fonoaudiologia e terapia ocupacional na sede da APAE de São Luís a evolução dela foi surpreendente.

“Ellina está na instituição há quase cinco anos e é indescritível a emoção de vê-la se desenvolvendo mais e mais. Meus pais que convivem muito com a neta também percebem e vibram com essa evolução desde os primeiros seis meses dela lá. Existem uma diferença milenar entre a menina que chegou na APAE de São Luís e a Ellina que existe hoje. Mesmo com a pandemia recebemos todo o apoio dos professores e profissionais da APAE, tivemos procedimentos online e agora já voltamos a alguns presenciais. Mas é impressionante o cuidado, a qualidade do serviço oferecido e o compromisso que a APAE de São Luís tem com cada aluno”, disse a mãe super satisfeita.

Para Lycia a convivência com Ellina fez toda a família ficar mais empática, enxergar melhor a diversidade que existe no mundo, e aprender a respeitar melhor as diferenças entre os seres humanos. Mas isso é o que mais ela sente falta e se pudesse desejar um único presente de Dia das Mães, seria esse: Inclusão e respeito para com todos os diferentes.

“Tento desenvolver a minha filha ao máximo para que possa crescer e ser uma pessoa o mais independente possível. Mas a sociedade nem sempre ajuda, ainda exclui muito as pessoas com deficiências. Precisamos evoluir muito para aprender não somente a aceitar, mas também respeitar e valorizar as pessoas como são. Tendo essa inclusão de fato, tudo seria mais fácil para a vida das pessoas com deficiência, que passariam a contar com mais ajuda e menos preconceito. É esse o meu maior desejo”, revela a mãe que aprendeu com anos a celebrar todas as conquistas da filha, que também são vitórias pessoais dela e de toda a família.  

A APAE de São Luís é uma entidade assistencial, educacional, filantrópica e sem finas lucrativos que há 50 anos trabalha com afinco para promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e/ou múltipla. Um trabalho contínuo para que pessoas como as alunas Ellina, Alenilce e muitas outras possam, juntamente com suas mães, levar uma vida mais digna e mais feliz.

“Nosso trabalho é promover ações de assistência social, educação e defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Nesse Dia das Mães parabenizamos as mães de nossos alunos e de todas as pessoas com deficiência, pois são mulheres guerreiras e incansáveis nessa causa pelo respeito e pela inclusão, e que também é da APAE DE São Luís”, declara o Presidente da entidade Sebastião Vanderlaan Rolim.